POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
Rio - Mais da metade
de todo o lixo gerado em cidades como o Rio de Janeiro é de resíduos da
construção civil. São montanhas de entulho, ferro retorcido, madeira e outros
materiais que, muitas vezes, não têm o destino final correto. A boa notícia é
que, mesmo que ainda ocupe um percentual ínfimo, a reciclagem de parte desse
material está crescendo no Brasil.
Segundo o coordenador da Associação Brasileira para
Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição, Levi Torres, de 2011
para o primeiro semestre de 2012, o volume de entulho coletado para reciclagem
por empresas filiadas subiu de 180 mil metros cúbicos para 270 mil. “Talvez
ainda seja menos de 1% dos resíduos produzidos, mas o volume está subindo com
velocidade”, diz Torres.
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Foto: Arte O Dia
O entulho é dividido em quatro categorias. A que é mais
reciclada é a categoria ‘A’, a parte mineral das sobras. Em geral, ela vira
pavimentação, mas também é transformada em areia, tijolos e outros subprodutos.
Segundo Torres, há duas explicações para o crescimento: uma
é a criação, nos últimos anos, de leis que obrigam as construtoras a fazer um
plano de gerenciamento de resíduos, dar destino final correto ao entulho ou
reciclá-lo. A outra é a oportunidade de faturar com o entulho.
OBRAS PÚBLICAS
No Rio, grandes obras públicas estão apelando para a
reciclagem, também para reduzir os altos custos dos transportes do entulho.
Intervenções como a polêmica demolição do Elevado da Perimetral devem ter
reciclagem. Ainda não há informações oficiais sobre qual será a destinação dos
restos do viaduto, mas, segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região
do Porto do Rio, é certo que haverá reaproveitamento e reciclagem.
Mas a questão do entulho ainda está longe de ser resolvida.
“O Rio sofre com a falta de locais para descarte. O que é gerado tem que ser
levado para a Zona Oeste, o que pode encarecer obras”, explica Torres.
Boa parte vai para terrenos baldios
Um grave problema é a destinação incorreta de resíduos que
não são reciclados ou levados para locais de descartes legais. Segundo Antônio
Eulálio, conselheiro do CREA-RJ, de 70 a 75% dos resíduos da construção civil
saem de pequenas obras, como reformas de imóveis particulares usados como
residência.
É difícil, no entanto, ter certeza sobre a quantidade que
vai parar em destinos irregulares. “Mas é claro que um percentual ainda tem
destinação errada, como terrenos baldios”, observa Lydio Santos Bandeira de
Mello, coordenador do Programa Piloto de Gestão de Resíduos do Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Rio.
Sobre as grandes intervenções, Eulálio diz que as empresas
já buscam se enquadrar nas exigências de planos de gerenciamento de resíduos
das administração municipal, mas faz uma sugestão. “As construtoras poderiam
usar terrenos e fazer suas próprias usinas de reciclagem”, diz.
Fonte: O Dia
Fonte: O Dia