quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Peças de plástico substituem tijolo em obras

Um novo material de construção que reduz em até 80% o uso de madeiras nas obras e possibilita a construção de pequenos empreendimentos em um dia. Essa é a proposta de Joaquim Caracas, da empresa cearense Impacto Protensão, que venceu a fase regional do Nordeste do Prêmio Finep de Inovação 2011. Com peças modulares de encaixe, o sistema dá destino para plástico reciclado. “Hoje só se consegue reciclar 15% do plástico que é jogado na natureza”, defende Caracas.

Além de não precisar de alicerce ou fundação, com as peças de plástico é possível desmontar a construção e reutilizar o material em outra obra. “Se o morador quiser desmanchar e ir para outro canto, ele consegue aproveitar 100% do material de demolição”. De acordo com Joaquim Caracas, a utilização do plástico permite o desenvolvimento de peças de encaixe, o que não é possível com a matéria-prima do tijolo.


Outra vantagem do material, ressalta Caracas, é a facilidade na logística. “Quando for feita uma obra em outra região do Brasil, só precisamos enviar o molde e no próprio lugar eles podem desenvolver as peças. Não é necessário o transporte de todo o material”, completa.
A técnica ainda aguarda certificação, principalmente quanto a manutenção de temperatura e isolamento acústico. Mas Caracas afirma que a maior dificuldade é conceitual. “Você moraria em uma casa de plástico? Em princípio não”. Caracas afirmou estar esperando a certificação para poder divulgar a técnica internacionalmente.


Com o material desenvolvido há cerca de três anos, a empresa Impacto Protensão construiu de casas populares a casas e um hotel de luxo, salas de aula e postos de saúde. A técnica recebeu, neste ano, o primeiro lugar do Prêmio Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) de Inovação na Região Nordeste, na categoria Média Empresa. Caracas irá apresentar seu projeto no dia 28/12, no Clube de Engenharia do Ceará, durante a 5ª Jornada Cearense de Engenharia.
Falando em plástico na construção civil...


Também no Nordeste, o inventor paraibano Reginaldo Marinho utilizou o material de garrafas pet para elaborar a metodologia construcell, formada por peças modulares triangulares que podem ser utilizadas em coberturas e galpões. A peça pode ser feita de qualquer cor. Se for transparente, tem a possibilidade de acoplar placas fotovoltaicas para utilização da energia solar. Por causa dessa característica, Marinho cita como exemplo de boa utilização da metodologia unidades militares ou outros estabelecimentos em áreas remotas, onde não haja linhas de transmissão de energia.


“Na Engenharia, há três estruturas possíveis: concreto, madeira ou metal. Ainda não há literatura em plástico, porque, até então, não havia aplicação desse material em Engenharia”, explicou o inventor que já iniciou, sem concluir, cursos de Engenharia e de Arquitetura.

Em entrevista ao Confea, Marinho mostra sua invençãoMarinho esteve em Brasília nesta semana para apresentar a metodologia construcell ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Na reunião, propôs que as peças triangulares fossem utilizadas na estrutura que abrigará a Feira de Tecnologias Ambientais Brasileiras da Conferência Rio+20, em junho de 2012. Ele também sugeriu a utilização da técnica para abrigar os órgãos do MCTI durante a 64a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que ocorrerá em São Luís, no próximo mês de julho.

Mais inovaçãoAlém da premiação do Finep, projetos de inovação tecnológica na construção também são disseminados pelo Programa de Inovação Tecnológica (PIT), promovido pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) em parceria com o Confea e outras entidades. Algumas informações, inclusive artigos científicos nessa área, podem ser acessados no site do PIT.


Beatriz Leal
Assessoria de Comunicação do Confea